É região de Pantanal, Cerrado e Chaco e também onde ainda vivem os índios kadiweus, os únicos índios guerreiros cavaleiros do Brasil, que ganharam suas terras do Império por terem lutado na Guerra do Paraguai, e que, com sua propensão guerreira, tantos conquistaram que suas mulheres deixaram quase que totalmente de parir, para substituir os filhos próprios por crianças de outras tribos que eles dominavam: verdadeiros herrenvolks (dominadores).
Lá ainda se pode encontrar as Comitivas, grupos de vaqueiros que, durante 20 a 30 dias, levam um rebanho de gado, com cerca de 200 a 1200 cabeças, para engordar nas invernadas.
E o primeiro peão da Comitiva é o Ponteiro, que segue montado na égua chamada Madrinheira assoprando o berrante e conduzindo o rebanho; nos lados esquerdo e direito da boiada vão os Fiadores; lá no coração da boiada vem o Meeiro e, na retaguarda do rebanho, vem o Culateiro.
Desgarrado desta turma, meio-dia adiante, vai o Cozinheiro que prepara farta alimentação, com café preto e puro, tererê, charque (carne seca e salgada), arroz e macarrão e o que mais tiver na região.
Foi nestas Comitivas é que surgiu a expressão boi-de-piranha, que é boi mais frágil e baqueado, sangrado e sacrificado num rio de piranhas para que o resto do rebanho possa atravessar a salvo destas danadas que sentem "o cheiro" de sangue a dois quilômetros de distancia!
Nos passeios, pode-se dar de cara com uma sucuri, onça pintada, ariranhas, lontras, tatu canastra, veado campeiro, gavião real, tamanduá bandeira, arara azul, arara vermelha, queijada, etc.
A jibóia já tem na cidade, basta ir no projetojiboia.com.br, que se pode tirar foto com a mesma no pescoço e aprender a não ter medo deste bicho.
Peixes tem muito, os mais famosos são o dourado e a piraputanga (pira = peixa; putanga = rabo vermelho), peixe símbolo de Bonito, imortalizado em fonte iluminada na Praça da Liberdade que tem também internet grátis; dourado e piraputanga são os pratos preferidos nos restaurantes da cidade, mas se quiser tainha sem espinha, tem também, agora se for comer jacaré, tem em todo lugar; eu gostei do X-Jacaré, saudável, light e ecologicamente correto.
E, para sobremesa: sorvete assado!
a) Bacuri, que é uma espécie de palmeira identificadora de solo fértil e da qual quase tudo se aproveita: as folhas são utilizadas para cobertura das casas; seu palmito é comestível e o fruto (coco) é alimento para animais silvestres, como a Arara Azul, a paca, macaco, e roedores.
b) Figueiras centenárias, árvore símbolo de Bonito, que algumas vezes dá um "abraço da morte" no Bacuri.
A presença do calcário é a causa de Bonito, e toda a Serra da Bodoquena, ser tão bonita.
O grande número de atrativos turísticos procurados na região, rios e cavernas, se deve à presença do calcário que não apresenta impurezas como argilas, as quais poderiam turvar as águas. Nem mesmo em dia de chuva a água turva.
O resultado é uma região com água de extraordinária cristalinidade e coloração verde ou azulada, que caracterizam a beleza da região.
Existem cerca de 40 cavernas na região da Bodoquena, das quase 3.000 cavernas existentes no Brasil.
Algumas cavernas brasileiras chegam a ter cachoeiras de 30 metros, sendo que a maior caverna da América do Sul está na Bahia, a Toca da Boa Vista, com mais de 80 km de túneis e galerias exploradas e mapeadas.
As formações minerais existentes no interior destas cavernas, chamados espeleotemas, são a "decoração" das cavernas: estalactites (penduradas no teto), estalagmites em forma de cilindro (partem do chão, formadas a partir do material que cai do estalactite), helectites, pérolas, dentre outros.
Dentre as cavernas da Serra do Bodoquena, destaca-se a Gruta do Lago Azul, cartão postal da cidade de Bonito, e no qual se desce uns 200m por uma escadaria cavada na rocha para ver lá no fundo um lago subterrâneo de 55m de profundidade, cuja coloração é azul intensa.
O melhor passeio do melhor destino de ecoturismo no Brasil é a Flutuação no Rio da Prata, um imenso aquário de águas cristalinas em meio a milhares de peixes e plantas aquáticas.
Divertida é a guerra de água entre os turistas nos botes de borracha ou em bóia-cross passando por cachoeiras e corredeiras de águas cristalinas do Rio Formoso.
As cachoeiras do Rio do Peixe considerei as mais bonitas, talvez influenciado pela beleza das Araras da fazenda, que sobem em nossos braços, ombros e cabeça para saírem nas fotos.
Hotel tem muitos, eu gostei do Wetiga, que se pronuncia "uetirrá", que na língua kadiwéu, significa pedra, e cujo projeto arquitetônico foi inspirado na natureza local, , as curvas por toda parte são assimétricas e naturais como as trilhas, galhos, águas dos rios, folhas e flores.
A decoração tem referencia com a cultura local, em especial kadiweu, com exposição sementes, artesanato, belas índias kadiweus e índios guerreiros montados em seus cavalos em plena batalha. Bonitos quadros com pássaros, animais e kadiweus tem por toda parte. Os corredores que conduzem aos quartos parecem trilhas ou córregos, os pilares troncos de árvores, os parapeitos e parte de baixo do corrimão das escadas galhos de arvores sem folhas com degraus de madeira irregular.
Se quiser saber mais da história de bonito, é só conversar com a bonita Fernanda, dona da Casa de Memória Raída, pois é neta da Raída, cujo nome significa "boca pequena", que não saia sem sua gaita e revolver 38.
Raída foi a "Maria Bonita" do mais famoso cangaceiro da Região, o bandoleiro Selvino Jacques, que com 20 anos já tinha matado uns 22, e que formou um bando com mais de 40 cangaceiros, e que assim descreviam: "... com seu grande chapéu mangueiro de barbicacho, bombachas largas quase encobrindo as botas sanfonadas, um vistoso soqueixo encarnado dependurado placidamente ao pescoço e preso por um anel de ouro, uma pistola calibre 44 luzidia no coldre, e um 38 bem escondido sob a camisa listrada, semelhava a muitos outros migrantes gaúchos, e ninguém lhe prestava muita atenção.
Para Raída, paixão eterna, o Selvino Jacques na prisão escreveu:
"Minha querida "Raída",
Que triste foi o nosso amor,
Tão longe sem ver-ter, querida flor;
No peito sinto saudades,
No coração sinto a dor.
Que hora infeliz que de ti me apartei,
Gozando dos meus carinhos
Ausente nunca pensei,
Eu sou um ente sem vida,
Tu és uma flor que matei.
Gozando dos meus carinhos
Ausente nunca pensei,
Eu sou um ente sem vida,
Tu és uma flor que matei.
Mas peço que te conformes
Que eu também estou sozinho,
Como um pássaro engaiolado,
Sem conforto e sem ninho;
Mas tenho grande esperança
De um dia dar-te carinho.
Que eu também estou sozinho,
Como um pássaro engaiolado,
Sem conforto e sem ninho;
Mas tenho grande esperança
De um dia dar-te carinho.
Sinto saudade de ti, querida,
Saudade do beijo teu,
Saudade dos teus abraços,
Saudade que não morreu!".
Saudade do beijo teu,
Saudade dos teus abraços,
Saudade que não morreu!".
José Carlos Teodorovicz
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