terça-feira, 17 de maio de 2011

Juarez Machado: "Soixante Dix, La Fete" ( meus 70 anos ) - 12a. obra de 70 - "Vaidosa-CALUNIA!"

"Soixante Dix, La Fete" ( meus 70 anos )
Coleção que será composta por 70 quadros, óleos sobre tela, 35 para Paris e 35 para o Brasil.
 1 Não acredite tanto no seu talento.
2 Trabalhe das 5 da manhã até as 2 da madrugada, todos os dias da semana. Sábado
e domingo também. Ser artista não é emprego,  você não tem nenhum direito trabalhista e se  fzer greve de fome, com certeza irá morrer e ninguém irá se importar.
3 Não perca tempo em longos papos com amigos resolvendo os problemas do mundo.
Pinte-os.
4 Não fale de arte com artistas e nem de dinheiro com banqueiros.
Você acabará falando bobagens.
5 Nunca, mas nunca mesmo, dê de presente seus trabalhos.
O presenteado nunca dará o devido valor que você espera.
6 Seja arrogante com os colecionadores,  compradores, donos de galeria, jornalistas,
críticos de arte, curadores, políticos e até mesmo patrocinadores, porém, muito humilde com você mesmo.
7 Conheça e estude seus limites e medos, para bem jogar o jogo. Todo bom jogador de bilhar sabe o tamanho do seu taco.
8 Observe, veja, leia, estude, pergunte, escreva, desenhe, decore para um dia esquecer
tudo e criar sua própria linguagem.
9 Use algumas palavras mágicas como: “bom dia!” “com licença!”  “muito obrigado!”  e “por favor”. Aprenda em varias línguas, caso fracasse como artista, você estará
garantido como carregador de malas em algum hotel internacional.
10 Faça do seu atelier um lugar sagrado.
Por mais simples que seja. Até mesmo uma mesinha no canto da sala. Respeite
e faça ser respeitado por este pequeno espaço,  pois é lá que você irá criar
o seu imenso universo.
Dando dignidade ao ofício de pintor. Montei 36 atelieres por este mundo
de Deus. Em todas as paredes pintei: “Em cada casa fiz um atelier e nele naveguei. Em cada viagem fiz um barco e do seu casco, como um ventre fértil, fiz minha pátria.”
Juarez Machado
 
Juarez Machado
Juarez Machado é um pintor,
Que faz tudo com amor!
Através da sua pintura... 
...Ele mostra a magia pura! 

O machado de Juarez Machado... 
Tem um segredo abençoado!
Este machado vira uma tela...
Numa tarde de primavera!

O machado de Juarez Machado...
Deixa qualquer um calado!
Este machado vira um pincel...
Expulsando tudo o que é cruel!

Juarez Machado é um pintor,
Que faz tudo com amor!
Em mil inspirações sapecas...
Ele pintou mágicas bicicletas!

Ele pintou a Santa Ceia...
Numa noite de Lua cheia!
Ele pintou um florido jardim...
Inspirado por um querubim!

O machado de Juarez Machado...
Transforma-se num cavalo alado,
Que não deixa a arte de lado...
Espalhando as cores deste Brasil...
Voando por este céu juvenil. 
Luciana do Rocio Mallon   
Juarez Machado é artista plástico joinvilense. Também é escultor, desenhista, caricaturista,
mímico, designer, cenógrafo, fotógrafo e ator. Desde 1986 fixou residência e ateliê em Paris.
“O tema da minha primeira exposição, ao contrário dos outros meninos que estavam igualmente produzindo suas primeiras obras, quando tinha 19 anos, o tema da minha primeira exposição, em Curitiba, quando cheguei para cursar a Escola de Belas Artes, a exposição já tinha um tema: a bicicleta. Claro, a bicicleta da minha terra, Joinville. Que fazia parte da minha cultura, da minha infância, do meu universo. Eu pintei bicicletas de várias maneiras. Com pessoas na garupa, na chuva, levando compras, enfim, tudo o que tinha visto em Joinville.” Juarez Machado
 "Conto uma historia e mando uma foto da epoca em que vivi em Curitiba nos braços da familia "BRAGA". Na foto, eram os jovens que prometiam ser alguem na vida. Da esquerda para direita: Dagoberto Koenttop(arquiteto), Eliane Koazynski(bailarina),nao lembro o nome( cantor de musica jovem) Fernando Calderari(pintor), nao lembro o nome, sei que era bombeiro e se casou com a loura ao lado que era violonista, Juarez Machado( queria ser artista) e Haroldo Mura(jornalista).
Sentados na praça da Universidade, ainda nao existia o Teatro Guaira. Estou falando do inicio dos anos 1960, periodo em que o grande Nei Braga era governador do Parana'. Foi ele que deu força para o Teatro, convidava todos os artista de Rio e Sao Paulo para morar e apresentarem espetaculos na cidade. Teatro Guairinha, Reitoria ou Canal 6. Todos os meses fazia jantares em sua casa so para os artistas. Foi o unico politico que conheci que gostava de conversar com artistas (Todos os outros so queriam aparecer junto na foto) . Pois bem, neste mesmo ano, 1961, fiz minha primeira exposiçao de quadros, Galeria Cocaco, minima em tamanho numa travessa entre a rua XV e a Biblioteca Publica. Nos finais de tarde era um ponto de encontro de artistas, intelectuais, jornalistas e por varias vezes passava por la o governador Nei Braga. Para minha grande alegria numa tarde chego para o bate papo, quando a jovem vendedora anuncia que tinha vendido um quadro meu. 40 mil dinheiros ...VIVA!!! paguei 10 mil atrazados da pensao de estudante, Mais 10 para o mes em curso e 10 para o mes adiantado. Sobrou 10 que fiz uma festa para os amigos num boteco em frente a galeria.
Encurtando a historia, o quadro era uma "Santa Ceia", a pessoa que comprou foi a Senhora Nice Braga, a primeira dama. A jovem que vendeu o quadro era Mariestela, hoje Requiao. Todas as vezes que encontrava com o Senhor Nei Braga ele falava do quadro e que o Tranquedo Neves vivia fazendo uma boas ofertas pelo quadro. Em 1965, formado fui para o Rio ser artista no mundo e neste mesmo periodo o Senhor Nei Braga foi ser Ministro da Agricultura no Rio, onde ele fez varias encomendas de quadros para mim. Salvando outra vezes meus alugueis. Tenho pelo senhor Nei Braga uma grande admiraçao, pois ele apostou num cavalo magro...muito obrigado." Juarez Machado
 
 “As relações só contam quando produzem filhos. Não sei se fui um homem de muitas mulheres ... mas tenho três filhos. Maravilhosos.” 
“Todo o dinheiro que eu ganhei, ou que ganho ainda agora, eu reinvisto na arte. Eu não compro carros caros, eu não tenho jóias, roupas caras, iate ou casa de praia, não tenho sítio. Eu não invisto nisso. Eu invisto o que ganho em livros, em viagens, em estudos e na criançada. Eles estudaram e estudam nas melhores escolas do mundo. E eu continuo investindo neles. Em viagens, em estudos, todos falam 5 línguas e eu aplico neles. Eles são os meus melhores investimentos.”
Juarez Machado

 Eu sou do tempo em que a mulher

Mostrar o tornozelo

Era um apelo!

Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas

De mulher

Sem saia;

Mas foi na praia!

A moda avança

A saia sobe mais

Mostra os joelhos

Infernais!

As fazendas

Com os anos

Se fazem mais leves

E surgem figurinhas

Em roupas transparentes

Pelas ruas:

Quase nuas.

E a mania do esporte

Trouxe o short.

O short amigo

Que trouxe consigo

O maiô de duas peças.

E logo, de audácia em audácia,

A natureza ganhando terreno

Sugeriu o biquíni,

O maiô de pequeno ficando mais pequeno

Não se sabendo mais

Até onde um corpo branco

Pode ficar moreno.

Deus,

A graça é imerecida,

Mas dai-me ainda

Uns aninhos de vida!

Millôr Fernandes
Millôr Fernandes - Manchete, 1969 "Juarez Machado nasceu entre fevereiro e abril, há mais de 26 e há menos de 28 anos, num Estado que fica entre o Paraná e o Rio Grande, mas viveu a maior parte de sua vida naquele outro que separa Santa Catarina de São Paulo. Daí os distúrbios. Como todos nós, começou por baixo, nascendo no Brasil, mas quando for rico a primeira coisa que vai ser é estrangeiro. Veio para o Rio há três anos, a pé dentro de um ônibus. Trabalhamos juntos em vitrines da Oca, coisa que ajudou muito a separação dos sócios dessa loja. Depois Juarez se dedicou sozinho ao entalhe, ao talhe e ao detalhe, tendo chegado ao achincalhe, ou seja, à admirável conclusão que ora apresenta em sua exposição ­ a de que o humor é redondo, ligeiramente chato nos pólos (tradução: o humor é universal, mas esquimó não tem graça).
Prevenido, precisando progredir, pintor perito, pintou portas, portões, praias, pessoas, para poder, pecuniariamente, projetar presentes painéis pictóricos. Com uma arte que vai do graciosamente dramático até o violentamento agressivo, ele não é como certos protestários que ladram, mas não mordem. Juarez às vezes ladra e às vezes morde. Aos domingos não ladra e nem morde ­ sai com a mulher. Agora, como todos nós, ruge apenas através da focinheira. Sonoro quando canta, Juarez produz um desenho profundamente diabético ­ desculpem, dialético. Seu conteúdo extravasa sempre seu continente, mas para quem entende não dói nada. Líquido, adquire a forma do vaso que o contém.
Gosta de fazer auto-retratos, na esperança de melhorar a maldade que o Senhor fez com ele, não lhe dando por exemplo, o meu físico (o meu físico é Cesar Lattes).
No momento está muito preocupado com o homem do futuro ­ em casa já tem dois. Seu lema é: "Deus, livrai-me do acerto, que do erro me livro eu". Ama o caos e o pô-lo em ordem.
Subversivo integral, onde vê uma subvensão ele imediatamente a subverte. Adora a astronáutica, sobretudo em sua parte subterrânea. E humorismo nunca ninguém lhe ensinou: ele se riu por si mesmo. De sua ascendência alemã herdou uma certa estrutura de desenho que cognominou, com simplicidade tedesca, de eingomelichderreinemvernunftaktuelelekunst. É vago com precisão. Acredita no profundo sentido do nonsense. Possui dois instrumentos de audição, dois de visão, um ­ bifurcado ­ de olfato, um gustativo (devidamente alimentado), mas é bom mesmo no tato, sobretudo quando fica cheio de dedos. Sua cor preferida é o cerúleo, seu Pascoal predileto é o Carlos Magno e seu calcanhar de Aquiles ele o traz sempre atrás do pé, o que deixa muita gente de pé atrás. Já se submeteu a muitas operações, felizmente todas elas matemáticas. Apesar de sua origem não conhece alemão, mas outro dia me apresentou uma alemã que vou te contar.
Aí está, assim, Juarez, dito e medido. Do Machado eu nem falo." 
 
“Eu comecei a fazer desenho de humor usando a mulher. As primeiras eram mulheres mágicas, eram fadas, gordas, de bochechas rosadas, que lavavam nuvens negras e penduravam no varal nuvens brancas, amarravam pacotes de presente, com fitas que eram o arco-íris. E todas elas de certa forma, representavam a minha mãe, aqui de Joinville. Depois aquelas mulheres foram ficando mais esbeltas, mais magras, de seios nus nas janelas, escutando as poesias dos menestréis, eram as mulheres-amantes. Hoje elas continuam na minha inspiração, no meu tema, quando pinto Santa Catarina, Chateau Bordeaux, de 100 anos de Copacabana, dos ciclistas e a mulher sempre está presente. Talvez seja uma forma de seduzi-las, de mostrar que eu as amo, que eu preciso do amor delas. Mas hoje elas também envelheceram, talvez comigo mesmo. Elas hoje têm o meu tamanho, de pele flácida, de peitos moles e bundas caídas, mas eu as continuo amando assim mesmo. Talvez eu as ame até mais do que antes. Porque elas acompanharam a minha vivência, o crescimento...” Juarez Machado
 
"O primeiro foi Fritz Alt, o segundo Eugenio Colin, ambos mortos.
Portanto, hoje, sou o mais velho artista joinvilense vivo. Título que não tem grande valor, também não quero que beijem o meu anel e nem se ajoelhem para pedir a benção. Apenas me dou o direito de contar uma pequena história aos jovens artistas de Joinville. Sentindo-se ameaçados, têm medo de fantasmas e não conseguem dormir. Traumas antigos da história de nosso povo, colonizados versus colonizadores.
Aprendi vendo isto como uma grande avenida de duas mãos. Os negros americanos fizeram da música dos brancos – Bach, Mozart, Schubert, e outros – a melhor música do mundo, o jazz. Na América Central, da música africana misturada à dança de salão, entre a valsa e minueto, fizeram o melhor ritmo do mundo, a salsa.
No Brasil, os escravos, com o restos da comida dos brancos, fizeram o melhor prato do mundo, a feijoada.
Toda avenida também tem contra-mão. Os ingleses no começo do século passado vieram ao Brasil trazendo o futebol. Rapidamente aprendemos e jogamos ainda melhor. Nos tornamos “O País do Futebol”. Hoje perdemos até para os franceses, vergonha que ainda sinto.
Éramos o País do café, considerado o melhor do mundo, desde o século 18. Hoje o mundo toma café no “Starbucks”, americano, com fama de ser o pior. No período do cacau foi a mesma coisa. Nossa música, a bossa nova, foi para os Estados Unidos e foi tomada pelos americanos. Os músicos brasileiros estão procurando suas origens e esqueceram que já tínhamos encontrado a nossa identidade. Perdemos mais um título.
É vendo os erros e as experiências alheias que se aprende. Aproveitem a minha disponibilidade que é extremamente passageira. Não vim ao mundo para impor, mas deixar transparecer.
Na beira dos meus 70 anos, com a cara cheia de rugas, cabelos ralos, barba branca, porém com todos os dentes numa boca bastante afiada, digo a frase inicial:
– A vida é um grande espetáculo, cheia de surpresas e muitas ironias.
Em 1960, lá longe na história de Joinville – e minha também –, a nossa querida cidade só tinha uma rua principal, uma igreja católica, outra protestante, dois cinemas, uma sorveteria, um bordel, dois times de futebol, alguns bares e um só hotel, sem nenhuma estrela. O prédio mais alto da cidade era a torre do Corpo de Bombeiros, que é nosso orgulho até hoje. Duas rádios, um jornal.... Ah! Sim, ia me esquecendo, um rio Bucarein, bonito e limpo, com três clubes de regatas, um movimentado porto com navios de bom calado e uma pequena praia. Três escolas públicas e um único colégio, o Bom Jesus, somente até a oitava série e nada mais.
Universidade? Ninguém sabia o que era. Museus?...nem pensar. Teatro?...muito menos. Recém-inaugurada, uma biblioteca, e na fachada, um painel do nosso primeiro artista, Fritz Alt. Menino, fui um dos primeiros associados para ver figuras, ler e emprestar livros. Nas prateleiras, não havia um só livro de história da arte, biografia de artista ou museus do mundo. Nas paredes das casas dos moradores de Joinville, nenhum quadro. Salvo uma reprodução da “Santa Ceia” de Michelângelo na sala de jantar e outra reprodução sobre a cama do dono da casa, “Jesus refletindo solitário no monte das oliveiras”, e na cozinha, um calendário do Laboratório Catarinense com as fotos dos Alpes Suíços.
A cidade era feita apenas de fábricas e operários, e o tempo era medido pelo apito de cada fábrica. A palavra arte era sinônimo de peraltice de criança. Cultura era confundida com tradição.
Da festa da cerveja com música tirolesa até a quermesse da igreja nos dias santos, ao som de músicas religiosas e sertanejas no serviço de auto-falantes, nada de mais emocionante acontecia. Tainha no inverno, caranguejo no verão e goiaba no pé o ano todo, e assim o tempo ia passando.
Os eventos mais próximos da cultura eram a Festa das Flores uma vez ao ano, nos salões da Sociedade Harmonia-Lyra. Aos domingos a banda do 13° BC (Batalhão de Caçadores), tocando marchas militares e até mesmo algumas músicas clássicas no coreto da praça Lauro Müller.
Aos 19 anos, eu já estava de malas prontas para partir em busca do meu sonho maior... Ser um artista completo. Pintor, escritor, poeta, escultor, desenhista, ator. Conhecer museus, catedrais e monumentos. Caminhar por cidades, vilas e países. Conversar com pessoas – amigas, estranhas, professores, curiosos, poetas, sábios e loucos. Navegar em palácios, castelos e avenidas. Ir além da linha do horizonte e atravessar mares, rios e montanhas.
Descobrir novos paladares além da torta de banana da padaria Brunkow. Escutar sons mais melodiosos do que o apito das fábricas. Sentir refinados perfumes, além do Leite de Rosas que minhas primas usavam. Ser alguém bem informado e um aluno genial da mais reputada escola de arte do mundo.....a Escola de Florença.
Com uma mala de papelão, uma pasta com alguns desenhos e oito dinheiros no bolso, em pé, dentro de um ônibus da Cia. Penha, depois de seis horas de viagem, cheguei em Curitiba. Só tinha feito 120 quilômetros. Para chegar em Florença, na Itália, ainda faltavam dez mil quilômetros e mais tantos zeros nos meus oito dinheiros. “Faço uma pequena parada, estou com fome”, pensei.
Na própria rodoviária comi o mais gostoso sanduíche da minha vida. Pão com duas fatias de sardinha em lata. Jamais esquecerei. Foi a luz do meu caminho. O Norte da minha bússola. Foi o canto dos anjos. Uma hora depois, me matriculei na escola de Música e Belas-Artes do Paraná. 
 Paguei adiantado dois meses por um quarto de pensão de estudantes, com direito a comida e roupa lavada..... et voilà! O começo tinha sido dado.
Por ironia...todos os meus professores tinham sido da Escola de Florença. Eram italianos ou alemães. Fui o último aluno desta culta geração de mestres. Muito jovem, feliz, tinha encontrado o meu ambiente, os artistas e outros jovens que pensavam como eu.
Em Joinville, meus amigos eram filhos de operários ou filhos dos donos das fábricas. Havia até mesmo uma certa discriminação por eu não querer ser engenheiro ou médico, e muito menos trabalhar numa fábrica.
Na minha sede de conhecer, estudei, pintei, modelei, fiz cenário para televisão e teatro, desenhei para jornais e revistas. Fiz minhas primeiras exposições, ganhei meus primeiros prêmios em salões de arte.
Nas férias, não voltava para Joinville, apesar de ter deixado uma namorada me esperando que já estava namorando um outro, um estudante de medicina (que bom para ela). Aproveitava este tempo para viajar. Ir para o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Recife, centros urbanos importantes culturalmente. Visitar museus, ir aos teatros, visitar as oficinas de gravuras em metal e pedra, me deslumbrar na Bienal de São Paulo, fazer estágios com artistas mais experientes, novas técnicas, novos materiais.
Cinco anos depois, formado pela escola de Música e Belas-Artes do Paraná, agora, com um jogo de cinco malas em couro negro e várias pastas e rolos com meus trabalhos, fui morar no Rio. – Que maravilha! Começar tudo de novo. Outras amizades: cartunistas, jornalistas, arquitetos, músicos, diretores de teatro e cinema, escritores. Todos em Ipanema ditando o novo comportamento de vida para o Brasil inteiro em plena ditadura militar. Orgulhoso, sentia que como artista eu fazia parte da história de um novo tempo.
Revolução total. Nas ruas, o Exército confronta com cassetetes as manifestações dos estudantes e intelectuais. Nas praias euforia total, revolução sexual, liberação das mulheres, psicanálise, chopinho, Bossa Nova, rock e muita maconha. Novas ideias, novas informações, novas exposições.
Joinville tinha ficado distante, porém ,sempre pensava com muito amor na minha querida cidade, e se um dia voltaria para abrir uma escola de arte para os jovens solitários e abandonados artistas.
Em direção oposta, comecei a fazer minhas primeiras viagens ao exterior. A primeira foi Israel. Conhecer e viver a cultura de um kibutz, a vida comunitária. De lá parti para Chipre, depois Grécia. Tudo parecia ser um filme de grandes aventuras de viver.
Cada ano uma nova viagem: Paris, Strasbourg, Londres e Nova York. Nunca como turista, mas como um sedento vampiro sugando todas estas culturas para depois digerir dentro de minha formação, meus valores, meus conceitos e até preconceitos e tentar ampliar os meus limites. Hoje tenho total certeza que a arte se alimenta da própria arte. Tal qual uma enorme serpente que começa a comer a ponta de seu rabo até chegar a sua cabeça.
Todos os movimentos artísticos – os gregos, romanos, etruscos, fenícios, arte africana, oriental, impressionista, dadaísmo, enfim, todas as correntes de todas as civilizações – , fizeram o corpo desta imensa cobra, até mesmo a arte contemporânea que já não é mais tão atual. Tudo começou lá, na pontinha do rabo da tal serpente.
Bem longe na história, um fulano, ainda meio macaco, pintou com o dedo um bisão nas paredes de pedra de sua caverna. Foi o primeiro pintor, muralista ou até mesmo o primeiro grafiteiro. A maravilha da vida e da humanidade é contada por meio da arte. A tarefa do artista é, com talento, registrá-la.
Continuei a trabalhar, viajar e vampirizar tudo que fosse possível. Sem mais voltar para minha querida e pequena Joinville do meu tempo de menino. Agora Florença tinha me ensinado a observar a vida, através de um microscópio ou telescópio, e fazia parte de minha rota habitual.
Já com quase 50 anos, com apenas uma pequena maleta e uma imensa bagagem artística/cultural, fui morar definitivo em Paris, terra dos artistas. E começar tudo de novo.
É muito mais excitante disputar com pessoas maiores do que você, por que tirar pirulito de criança é covardia. Somente para todos terem uma ideia, na França estão inscritos no sindicato (la maison des artistes) 50 mil artistas do mundo todo, e todos de alto nível. Sem deixar por menos, mais trabalho, mais viagens, montei atelieres em Montmartre, depois Veneza, Boston, e Los Angeles. Hoje faço de três a quatro exposições por ano em várias partes do mundo. Publico livros, tenho vários colecionadores pelo mundo e sou chamado respeitosamente de “cher maitre”.
Voltei para Joinville somente alguns anos atrás para pintar o mural de entrada do Centreventos Cau Hansen, “O Grande Circo”. Qual a minha grande e agradável surpresa? Joinville tinha mudado, tinha crescido, tinha ficado culta. Só se falava em arte, ballet, teatro, festivais, artistas, museus, escolas de arte, me senti muito feliz, Joinville tinha sido salva da mediocridade.
E eu se tivesse esperado um pouco mais, teria a escola de Belas-Artes de Florença na minha própria esquina. Não teria sacrificado tanto minha família e principalmente o menino sonhador e solitário de Joinville.
Fico muito feliz pelos meus caros jovens artistas joinvilenses.
Parabéns, vocês conseguiram! Não tenham medo de aprender e conhecer culturas, quanto mais melhor, para depois criarem a sua própria linguagem. Cada um terá o seu próprio estilo.

Cultura é fundamental, e confesso: “Jamais faria o transplante do meu coração, caso fosse preciso, com um médico doutor autodidata.”"" Juarez Machado
  Juarez Machado na visão de Juca Chaves
 Na linha do horizon... pendurei tua saia
e a minha mão pegou na tua contra-mão
a sombra de uma dúvida eu dormi na praia
e construi meu lar na casa do botão.
Levei meu olho mágico prum oculista
de teu ponto de vista fiz ponto final
no rabo de foguete eu encontrei tua pista
e enchi de novidades o furo do jornal.
Fiquei a ver estrelas no céu de tua boca
com a vela de meu barco iluminei o mar
num disco de fricção gravei minha voz rouca
e derrubei a tarde com golpes de ar.
Mandei pintar o sete por Juarez Machado
adormeci meu braço no leito do rio
curei um soneto que tem pé quebrado
tomei um caldo verde com sabor de anil.
(Letra e música de Juca Chaves, em homenagem ao amigo no início da década de 70)
 
 “Não sou pintor de pintar um quadro. Sou pintor de pintar uma história. É minha escola, que se parece a uma escola de samba. Antes do desfile, os carnavalescos fazem pesquisas, tramam um enredo, criam uma história. As músicas, as roupas, o batuque, as alas, compõem os diferentes capítulos de uma história. Como pintor eu trilho este mesmo caminho. Não me interessa pintar um só quadro sobre um só tema. Eu pinto um tema. Eu produzo uma ópera. É como uma obra literária, que se decompõe ou se estrutura de diversos capítulos. Uma exposição para mim tem este mesmo sentido. Eu preciso de um tema. E ele me enriquece muito, culturalmente. Antes de produzir os quadros, eu faço a pesquisa. Então eu leio tudo sobre o tema, eu visito os locais, eu memorizo as paisagens, eu coloco a minha imaginação a brincar. É muito gratificante. Prazeroso.”
 
 “Tenho um ateliê ambulante. Uma bolsa com todos os instrumentos necessários. Tenho uma chave de fenda sempre comigo. Com ela eu desloco a porta do banheiro e a transformo num cavalete, no quarto em que estou hospedado. Eu produzo todos os dias. Em qualquer lugar, mesmo viajando. Eu desenho, rabisco, pinto diariamente. Por isto mesmo tenho meus ateliês espalhados pelo mundo, em Joinville, no Rio de Janeiro ou em Paris.”

“Eu já morei em 25 endereços diferentes até aqui. Nada é definitivo. E eu preciso dessas mudanças, porque elas são vitais para mim. São inspiradoras. Excitantes mesmo, posso dizer.”
 “Meu pai tinha uma visão diferente do mundo. Ele era caixeiro-viajante, e quando voltava trazia uma mala de objetos de arte, relógios antigos, leques, quadros, armas, tinha uma visão ampla do que é cultura, vivência e passou tudo isto para mim. Este personagem era admirável ...”

“Eu não compro minhas roupas em lojas - eu compro minhas roupas em antiquários. Eu mando fazer. Eu me considero um homem elegante porque eu uso roupas fora de moda. Eu não uso jeans, nem camisetas nem tênis. Se diferenciar dos outros é uma manifestação muito pessoal de poder.”
 “No baile eu ia dançar diretamente com as meninas que eu queria, porque eu sabia dançar muito bem. Esse é o poder de saber alguma coisa que o outro não sabe.”

“Eu morro de inveja de quem sabe escrever, e morro de inveja de quem sabe tocar algum instrumento, ou produz música. Eu sou completamente obtuso nestes dois assuntos.” ...  “Então eu acabo escrevendo os meus quadros e coisas ligadas a eles. Não tenho a pretensão de sair escrevendo coisas de verdade.”

“Ao redor de onde trabalho e de onde vivo, existem referências eternas. Por ali, moraram Van Gohg e seu irmão Théo; na outra esquina, Picasso, na outra Modigliani, na rua debaixo Tolouse Lautrec. Então esses personagens ainda circulam, de certa forma, na minha rua. Porque a padeira, que de manhã me dá o pão, a avó dela também vendeu pão para esses pintores”

“As cidades, como as pessoas, também têm suas trajetórias. E pagam um preço por isto. A sorveteria da esquina não existe mais hoje. Talvez, nem mesmo a esquina.”
“Paris me deixa de pincel duro, porque é uma cidade que me estimula, justamente pelos excessos: de museus, de galerias, de livrarias, de bons restaurante, de história. Em Paris, as pedras contam história. E isto enriquece o meu cotidiano. Dá um molho para a vida.”
“Paris é uma mulher. Tenho com ela uma relaçào de amante. Uma velha senhora, culta e elegante, sábia, já com certa idade, com rugas e cheia de história. O Rio é outra mulher. Bronzeadinha, perninha grossa e curta, mal vestida, mas com uma cor especial. Já Joinville é, de novo, outra mulher. E eu preciso de todas essas mulheres...”

“Eu leio tudo o que consigo reunir sobre cada um dos temas que já abordei. Então o processo é muito enriquecedor, inclusive culturalmente.”

“Podem existir outros Picassos por aí. Acontece que ainda não foram descobertos pela mídia. Mas todo grande artista precisa ter uma sólida base de cultura.”


"CAROS AMIGOS.
... acabo de pintar este quadro, o primeiro da nova coleçao da proxima exposiçao, "Soixante Dix, La Fete" ( meus 70 anos ). Serao setenta oleos sobre tela, 35 para Paris e 35 para o Brasil. Esta serie sera' unica, uma especie de auto-retrato de um apanhado de minha personalidade. Como pintor, humorista, escritor, libertino, debochado, alegre, gentil, atrevido, amoroso da vida, das mulheres e muitas festas. Tambem uma auto-critica como cidadao, amigo, filho,irmao,pai,namorado,vizinho,etc.etc. Todos os 70 quadros ja' estao projetados em centenas de desenhos ( sera tudo publicado num livro) a mostra sera para os meses de setembro no Brasil e outubro em Paris.
- Atençao colecionadores... espero nao vender algum quadro, pois com muito prazer, os pinto para presentear-me. Afinal 70 anos de idade so dura 12 meses.
Prometo que cada quadro pronto irei compartilhando com os amigos.
J.M." 23-fev-2011

"Caros amigos...continuo pintando para a exposiçao "SOIXANTE DIX, LA FETE".
Et voila'!!! ...mais um quadro pronto, neste o nosso "heroi" recebe dos especiais amigos um grande presente, enorme, volumoso ... ou é ele que é pequeno?
No proximo quadro teremos a resposta. Muito obrigado pelo presente e até breve,
com carinho, Juarez Machado." 01-mar-2011

"CAROS AMIGOS... mais um quadro pronto da coleçao "Soixante Dix La Fete".
Inspirei-me numa classe de pessoas que esperam dos outros, amor, carinho e atençao total (...que horror!!!). Conheço varias (...ui!!!!). Egocentricos e que sao muitos (...egah!!!). Ca' entre nos, confesso que entre tantos, faço parte deste grupo
(...ai que bom!!!). Afinal eu me amo, dormimos e acordamos ja' quase ha 70 anos.
Portanto nao farei minha festa de aniversario no dia de um ultimo capitulo de alguma novela ou num final de campeonato, sei que irao me deixar de lado.
Titulo do quadro: " UM A ZERO ...PARA ELES"" 08-mar-2011

"SOIXANTE DIX LA FETE... a saga do nosso heroi aniversariante continua. ele quer ser o " mocinho do filme", ainda ingenuo, nao tem idade suficiente para ter consciencia que é ainda um primitivo (não rustico), no fundo ainda é menino brincando no seu cavalinho de pau. Muito ao contrario dos seus ilustres e aristocratas convidados da festa. Pessoas de fino trato, refinadas e principescas ... porem vos digo - são e serão os meus irmãos e amigos, que na verdade são todos voces. Até o proximo quadro, J.M." 09-abr-2011

"SOIXANTE DIX LA FETE...e a festa continua, a pintura dos quadros tambem.
Desta feita "nosso aniversariante" recebe como presente uma guilhotina,
no cartão esta escrito: - "COM AMOR DE SUA FAMILIA". A cena é apenas uma criação artistica,... qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.
Com carinho e mesmo assim obrigado pelo presente.
J.M."  20-abr-2011


"SOIXANTE DIX LA FETE...o festão de ontem a noite, foi demais de bom!!!
muita musica, champagne e gente bonita. Houve até eleição da "MISS 70 ANOS". Quem ganhou foi uma senhora, muito conhecida na cidade. Pessoa otima, divertida, alegre e principalmente muito dada. Na hora do discurso de agradecimento, ela chamou de MEU FILHO um importante politico...hhiii!!!,ele ficou ofendido e ai foi um Deus nos acuda, um tremendo bate-boca e ela foi levada pelos seguranças do tal politico. Impossibilitada de desfilar com a faixa e coroa, mandou sua neta, que agradou a todos. Voces sabem como é o povo, logo correu o boato que a moça é tambem aparentada do politico,... que tambem sumiu da festa. De resto...foi so' alegria. JM"
04-maio-2011

"SOIXANTE DIX LA FETE... nossos queridos amigos convidados foram muito gentis com o nosso aniversariante. Prepararam um verdadeiro "banho de estrela". Numa bela banheira do tempo da vovo', toca de banho estampada de "patinhos na lagoa" e um belo leque, (a noite estava muito quente), com imagem erotica japonesa. Um banho de espuma de champagne, recomendo a todos. Obrigado amigos e até a proxima cena desta festa que so' vai durar 12 meses. Jurei que com 71 serei um velho comportado, na verdade não jurei, ...prometi!!! JM" 06-maio-2011

"SOIXANTE DIX...no quadro anterior, todos os amigos me perguntaram o que tinha visto embaixo da mesa. Jurei, jurei por tudo de sagrado que não contaria...bem! na verdade so' prometi ( como todos os politicos )... et voila'!!!, o proprio aniversariante sendo "abusado" por uma convidada. Não falo o nome da distinta senhora, pois não é gentil. Meu tio CAOLHO falou, -"Quem muito espia ve o que não viu" JM" 15-maio-2011

"SOIXANTE DIX ...Esta correndo na "boca pequena" que a minha festa esta virando uma grande ORGIA,- ...calunia!!!, explico: no tempo dos meus avos "tudo era proibido". No tempo dos meus paes " quase tudo era proibido". Ja' nos meus 20 anos " tudo era permitido". Sou da geraçao dos anos 60, quando era " proibido proibir". Pois bem, agora chegou uma nova onda que é proibir o que for possivel. Uma nova moral,...justo, mas o que faço com minha antiga formaçao?. Apenas cheguei a conclusao, ao contrario do animal, o ser humano com liberdade torna-se inseguro e carente. Criando novos limites para seu pequeno "pensar". Caros amigos, queiram me desculpar, mas estou festejando meus 70 anos, idade que so' dura doze meses, portanto a festa continua e para mim sera para sempre...e que venham todos!!! JM" 17-maio-2011

"SOIXANTE DIX, LA FETE...incrivel!!!,como o tempo passa rapido. Parece que foi ontem o dia de quinta feira e se foi, isto prova o que falo. Começo a chegar na metade dos meus 70 anos,...mas a festa continua, pois é o circulo da vida da minha vida de circo. Sempre fazendo malabarismo para não deixar cair uma gota de champagne na dança de viver. JM" 20-maio-2011
"SOIXANTE DIX... na nossa festa não pode faltar nada. Tem de tudo e do melhor. Consegui um garçon que tambem é magico, faz milagres, tranforma pão em caviar. O champagne é nacional ( lembrando que moro na França ), ja' a comida é toda importada, coisa muito boa. Carne de sol, feijão preto e muita farofa para dar liga na argamassa. Para quem é vegetariano, tem gilo' com quiabo. Para quem esta de regime, tem leitão na pururuca com linguiça de miudos de boi. Para quem é ecologista tem churrasco de baleia e para quem não bebe, tem caldo de cana com mel de cebola. Bem! espero que todos gostem. Obrigado... ah!, ia me esquecendo... não esqueçam do presente. Nada que seja para a casa, ja' tenho tudo. Confesso meu lado feminino, gosto de joias. JM" 24-maio-2011
"SOIXANTE DIX...no ultimo quadro comentei sobre o presente de aniversario que gostaria de ganhar (joias)...pois bem! hoje recebi o melhor dos presentes.
Mandado gentilmente de : Juarez Machado para Juarez Machado,...coisa mais linda!!!Acabei descobrindo que sou uma celebridade, pois em qualquer parte do mundo o espelho em que eu olhar, tem como reflexo a minha imagem,... GENIAL!!! Dizem as crueis linguas, que sou uma pessoa muito vaidosa-CALUNIA!
se assim fosse, todos os mil espelhos de minha casa teriam largas molduras douradas. JM"
28-maio-2011

Vídeos Juarez Machado
01) "Eu, fazendo minhas mimicas nos velhos tempos (1975) na TV Globo. 
Na epoca ainda nao existia computador nem efeitos especiais. A televisao era a "VAPOR" ; tudo era feito de forma artesanal, mesmo assim fui feliz."JM

02) Globo Vídeos - VIDEO - O dia catastrófico de Juarez Machado 
"...Caros amigos, achei mais um no fundo do bau'!!!!"JM
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM824962-7823-%20,00.html

Fonte:
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Teo - jcteo ( Engenheiro Teodorovicz)
José Carlos Teodorovicz
Email: jcteo@uol.com.br
Facebook: jcteo
"O melhor resultado é quando todos do grupo fazem o melhor para si E para o grupo" (John Nash) 
Adendo
No Blog do Teo - jcteo
No blog do Teo - jcteo ...
Qualquer ser se sente no céu!
Existem emocionantes viagens...
...Nas mais espetaculares paisagens!

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Há coisas perdidas do Beleléu!
Existe uma linda arara azul,
Que voa em seu ombro de Norte a Sul!

No blog do Teo - jcteo ...
Ninguém fica ao léu!
Há um espaço para a cultura...
Com estrelas cheias de doçura!

No blog do Teo - jcteo ...
Há uma bailarina com véu!
Existe o verdadeiro xadrez...
Pois lá a inteligência tem vez.
Luciana do Rocio Mallon

domingo, 1 de maio de 2011

Curitiba querida, que bom que eu te vivi, desde guri! (V5)

Foto Curitiba atual by Áurea Regina; arte, a direita, by Vera Very

Saudade da Curitiba dos meus tempos de guri. 

Curitiba é composta de várias etnias,
Que convivem em mil harmonias!
O Blog do Teo jcteo homenageia esta cidade...
Com todas as suas etnias de verdade!
 
Lá existem as pêssankas ucranianas...
Lá tem danças e músicas ciganas...
Lá tem o trabalho dos italianos...
Com todos os seus planos!
 
Lá os índios têm uma oca com magia...
Lá os negros brincam sua capoeira...
Lá os japoneses cantam a sua poesia...
De uma forma calma e faceira!           
 
O Oriente e Ocidente se encontram no céu...
Nesta Curitiba que nunca fica ao léu...
No Blog do Teo jcteo.
Luciana do Rocio Mallon
Foto Curitiba atual by Áurea Regina; arte, a direita, by Vera Very 
O inteligente Farol do Saber...
É o caminho para aprender...
Harmonia com conhecimento,
Que não se vão ao vento!
 
O Farol do Saber é uma rede de bibliotecas,
Que transforma crianças levadas e sapecas...
Em excelentes e brilhantes estudantes,
Que viram estrelas cintilantes!
 
O bom Farol do Saber...
Edifica qualquer ser...
Ele foi inspirado no Farol de Alexandria...
Com toda a sua nobreza, poesia e magia!
 
Em todo o bairro curitibano...
Há um Farol do Saber sem engano!
Lá tem o Projeto Digitando o Futuro...
Para o mundo não ficar obscuro!
 
Colocar a Internet na periferia...
Faz parte do dom da magia...
Do ótimo Farol do Saber,
Que faz a humanidade crescer.
Luciana do Rocio Mallon


- Das partidas do "bete-ombro". 
- Do jogo de tique. 
- Do jogo de búrico (bolinhas de gude, de vidro...). (não dou volta, não vale fidusca...)
Arte, a direita, by Vera Very; arte, a direita,  by Peichun Chang (Taiwan) 


- Dos treinos no campinho com as bolas de "capotão"  da Casa Walter. 
- Saudade do jogo do bafo com as Balas Zequinha. Tinha Zequinha Médico, Zequinha Radialista, Zequinha Motorista, Zequinha Papai Noel (Esta era uma figurinha difícil, quase não saía. Só os mais afortunados conseguiam). Tinha até Zequinha Ladrão (e como tinha...). As figurinhas embrulhavam aquelas balas ruins, que ninguém chupava,  mas que divertiram muito a piazada. No jogo do bafo era proibido cuspir na mão... O ciclo se repetia a cada ano.
Foto Curitiba atual by Chrys Rizzo; foto, a direita, by Pamela Omns


- Dos balões de São João que iluminavam as noites frias da Curitiba dos meus tempos de guri. Era Balão Caixa, Balão Mimosa, Balão Cruz. De todos os tamanhos e de todas as formas. Tinha uns grandes, tão grandes que até os bombeiros vinham ajudar na hora de acender a tocha. Os soldados vinham, erguiam a escada, seguravam a copa, o baloeiro acendia a tocha, o fogo ardia e o balão subia, espargindo parafina incandescente sobre a Curitiba dos meus tempos de guri. (nunca ouvi falar que um balão provocou um incêndio!).


Foto Curitiba atual by Chrys Rizzo; obra, a direita, by Givi Kolelishvili (Tlibisi -Georgia)

- Das raias (pipas, pandorgas...) que esvoaçam pelos campos da Galícia.
- Eram felizes os piás de Curitiba 
 
 Foto Curitiba atual by Áurea Regina; foto, a direita, by Pamela Omns

- Espremidos nas calças curtas os piás levavam prá escola um punhado de bolachas Duchen e meia garrafa de Capilé. Às vezes, Crush ou Mirinda. Quando não, um suco de uva Grapete. Ou gasosa de framboesa da Cini. Prá variar, Minuano. Tinha uns que levavam Bidu-Cola ou Guaraná Caçulinha, com bolacha Maria. 

 
 Foto Curitiba atual by Chrys Rizzo; arte, a direita,  by Peichun Chang (Taiwan)

- Aos domingos, faceiros, no terninho de marinheiro da Maison Blanche, iam à matinada do Cine Ópera para ver Tom e Jerry. 

 Foto Curitiba atual by Áurea Regina; foto, a direita, by Chrys Rizzo

- As meninas, gabolas, enfeitadas em suas saias godê, da Joclena, e blusinhas da Mazer, uma loja infantil ao lado da Gomel, na “Rua dos Turcos”.

Foto, a direita, from Socrat al Faylasouf

- A Maison Blanche era de meninos. A Joclena e a Mazer, de meninas.
Foto Curitiba atual by Áurea Regina; obra, a direita, by Jacect Yerka

- Piá nenhum admitia vestir o tal de “brim coringa não encolhe”, aquele tecido azulão grosso, especialmente para macacão de mecânico, que hoje chamam de Jeans. As meninas vestiam tafetá ou veludo. Os meninos, terninhos de casimira. Quando muito, camisa volta ao mundo e calça de tergal. 

Foto Curitiba atual by Chrys Rizzo; obra, a direita, by Jacect Yerka

- Piás felizes chutando bola, descalços, sobre as rosetas dos campinhos por todos os lados. (Tínhamos que tirar os sapatos para não gastar, senão a bronca vinha certa). 

Obra, a direita, by Jacect Yerka

- Esse tempo de guri acabou, assim como acabou  a Modelar, a Casa Rosa, a Casa Vermelha, a Casa Sade.

Obra, a direita, by Jacect Yerka

- Não tem mais a Casa da Sogra do Aron Ceranko, presidente do Ferroviário (que também não existe mais). Não tem mais a Casa da Pechincha. Desapareceu o Louvre do Calluf, assim como nos deixaram os fraternos irmãos Munir e Padre Emir.


Obra, a direita, by Jacqueline Collard

- Não tem mais a Casa das Meias do telefone 66-6666, nem o 444 da Barão. E a Casa Edith, acredite, ainda tem, mas os chapéus Prada não vende mais. E a Três Coelhos, em que cartola se meteu? Não tem mais Móveis Cimo. 
- Já não se ouve mais o apito da Fábrica Lucinda.
 
Obra, a direita, by Jacect Yerka

- Mudou a Casa Feres, “pequena por fora e grande por dentro”. 
- As Casas Lorusso, “suba que o preço desce”, também desapareceram. 
- Fechou a Casa Dico, a Joalheria Pérola, do Kaminski, a Importadora Americana, do Marcos Salomão Axelrud, que vendia o Simca Chambord e o Simca Rally. 
- Desapareceram o Frischmann´s Magazine, assim como o Chocolate Basgal, a perfumaria dos importados , A Colonial dos irmãos Maia  da Tiradentes. 
- Não tem mais a Tarobá, do Pedro Stier, em cujas vitrines o pioneiro Nagib Chede exibiu o primeiro programa de TV, no Estado do Paraná, projetado diretamente do último andar do Edifício Tijucas. E o povo encantado via o Jamur em preto e branco, contando as notícias do dia.
  
Obra, a direita, by Jacect Yerka

- Não tem mais o Cine Curitiba onde os piás trocavam Gibis do Capitão Marvel, pelos X-9 do Monte Hale. 
- Cadê o Cine América, do Palácio, do Broodway, do Avenida, do Ribalta, do Oásis, do Rívoli, do Vitória, do Marabá, do Luz, do Arlequim, do Ritz. Até os filmes do Morguenau e do Guarani chegaram ao fim. 
- Acabaram as matinés do domingo a tarde (depois de enxugar toda a louça do almoço de domingo para a mãe). 
Se você "aprontava" durante a semana lá se ia a matinê de domingo. Era ficar na janela vendo os amigos irem, com um monte de gibis em baixo do braço. 
Lembram que quando o "mocinho" beijava a mocinha todo mundo fazia barulho com os pés no assoalho de madeira do cinema?

Obra, a direita, by Phil Lewis (Wynnum, Queensland, Australia)

- Não tem mais o bar Pólo Norte, no fim do trilho do bonde da Colônia Argelina. 
- E o Lá no Lhum, da Barão?
- E a Charutaria Liberty, na esquina da XV com Monsenhor Celso, para onde se mudou? 
- O Hermes Macedo, “Do Rio Grande ao Grande Rio”, que rumo tomou? 
- E o Prosdócimo, onde mamãe comprou a minha primeira Ralleig. (Era uma bicicleta preta, com frisos dourados e raios niquelados, importada. Inglesa. Quanto luxo. Sentia-me um Fittipaldi na boleia da sua Lotus). 
- E o Sérgio Prosdócimo, hoje, nem sabe disso. Ele também era um piá, nos meus tempos de guri 
- Não vejo mais as Óticas Curitiba, dos Irmãos Barbosa. 
- Onde foi parar a Casa Nickel, que vendia Chevrolet? 
- Desapareceram as Casa Londres e a Ottoni. O Lord Magazine, onde os almofadinhas compravam seus esporte-fino exibidos nos chás-dançantes de Medicina e Engenharia. 
- A Slopper também acabou. Mesmo fim levaram Calçados Clark, Lojas Ika e Pugsley. 
- Acabou-se o Café Alvorada do Senadinho. (onde um amigo meu ao mexer com a garçonete recebeu um bule cheio de café na cara).
- Fechou o Ouro Verde, onde nasceu a Boca Maldita. Nem Café Marumby, nem Café Piraquara tem mais. 
- Apagou-se o neon da Caixa Econômica, na Praça Osório, com as moedinhas correndo e caindo no cofrinho? 
- E a farmácia Minerva, antiga, que vendia Zig e Mercúrio-Cromo e também Pasta Kolynos, Creme Dental Eucalol e Sabonete Lifebuoy. (Será que ainda existe o Talco Ross)? E o Rum Creosotado? E Auricedina? E a Pomada Minâncora?  E o Vinho Reconstituinte Silva Araújo? E o Regulador Xavier: “número um excesso; número dois, escassez”. (!). E Antissardina. E o Creme Rugol. E as Pílulas de Vida do Doutor Ross, “fazem bem ao fígado de todos nós”. 
- Nem a Stellfeld, do relógio de sol sobrou, com suas prateleiras repletas de Cibalena, Varamon e Cafiaspirina, Glostora e Gumex. Só o relógio de sol resistiu, como se a testemunhar os meus tempos de guri. 


- No Edifício Azulai ficava a Musical, onde comprei uma radiola marfim, para ouvir de Nat King Cole cantando “Catito”, nos long play da Chantecler. Ali também ficava a loja de calçados Pisar Firme. 
Fechou o Banco de Curitiba, quebrou o Banestado. E o Bamerindus? Ave, Avelino. 
É verdade, o tempo passa, o tempo voa…
  
Foto, a direita, by Chrys Rizzo

- Cadê o Colégio Partenon, o Iguaçu (pagou, passou!) da Praça Rui Barbosa?. E a Escola de Comércio De Plácido e Silva, cuja diretora Juril Carnascialli encantava os seus alunos pela sua fineza de trato e cultura herdada do iluminado Josef de Plácido e Silva. Muito obrigado Juril. 
- E o Colégio Cajuru. Por onde andarão as suas alunas, tão bonitas e invejadas? 
- E as meninas do Sion com suas saias cor de vinho? 
- E as normalistas do Instituto de Educação por onde andarão? 

Foto Curitiba atual by Áurea Regina

- Acabaram-se as empadinhas da Cometa, os queijos da Casa da Manteiga do amigo Guido, hoje Meritíssimo Desembargador. 
- A coalhada da Schaffer, o Toddy da Leiteria Viana, e o pão sovado da Berberi, em que forno se enfornou? 
- E a pastelaria Ton Jan, da Marechal. Tinha pastel de carne e de palmito. E também o especial, com ovo e azeitona 
Fechou a Churrascaria Bambu a Tupâ? Até a Caça e Pesca fechou. 
- Não tem mais o açougue Garmatter e nem o Francês. 
- E o piá de pedra fazendo xixi na frente do Posto Garoto, cresceu?
  
Fotos Curitiba atual by Áurea Regina

- Acabou-se o Rabo-de-Galo do Bar Americano e não tem mais a Carne de Onça do Buraco do Tatu. Nem o filé completo da Tingui. Nem a dobradinha do Restaurante Rio Branco. Do pastelzinho do Pasquale, nas manhãs dos sábados no Passeio Público, restou a saudade. 
- O Locanda Suíça desapareceu. Até o Gruta Azul sumiu.
  
Fotos Curitiba atual by Chris Rizzo; Áurea Regina Chrys Rizzo

- O Jatão, em Santa Felicidade, travou a turbina e caiu. Desmoronou. 
- Nem a Maria do Cavaquinho, nem a Gilda, nem o Esmaga ou o Osvaldinho perambulam pelas portas da Velha Adega, na Cruz Machado, ou pela frente da Gogó da Ema na Comendador. Por ali onde andava o Saca-Rolha, nas tardes de sol, com o seu guarda chuva sempre fechado. 
- O Bataclã não desfila mais com o seu terno branco e cravo vermelho na lapela, pela frente do Fontana Di Trevi ou da Guairacá, na João Pessoa que virou Luiz Xavier.
  
Foto Curitiba atual e flor by Chrys Rizzo; obra, adireita, by Aaron B Thorton (Redondo Beach, CA)

- Fechou a Curitiba onde nasci. Só não fechou este meu tempo de guri 
- Não tem mais Leminski. Nem Kolody.  
Dele, resta o lamento:

“Esta vida é uma viagem; pena eu estar só de passagem”.  

Dela, um alento: 
       “Para quem viaja ao encontro do sol é sempre madrugada”.   

De mim, o consolo:
      “Saudade! és a ressonância De uma cantiga sentida, Que, embalando a nossa infância, Nos segue por toda a vida”.





Curitiba querida, que bom que eu te vivi, desde guri!




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Beatificação do Papa João Paulo II


A comunidade polonesa de Curitiba prestou homenagem a João Paulo II, beatificado no domingo 1º de maio de 2011 em Roma.

 

A celebração reuniu dezenas de pessoas no Bosque do Papa, que fizeram orações e entoaram cantos, entre ele "A Bênção, João de Deus", composto para a visita do papa ao Brasil. 

 
A homenagem contou com a participação de corais. Também foi apresentado um vídeo sobre a visita do papa a Curitiba, em 1980. 

  

Uma placa alusiva a beatificação de João Paulo II foi colocada na capela visitada por ele.

 

Karol Wojtyla foi o primeiro pontífice que não havia nascido na Itália. Ele morreu em 2005. 



Ao Papa João Paulo II – João de Deus
No dia 08 de julho de 1980, o Papa João Paulo II em visita a Curitiba rogou por nós nesta casa.
Agora, dia 1º. De maio de 2011, dia da misericórdia divina foi beatificado e estará intercedendo por toda a humanidade.
Foi um exemplo para o mundo, um expoente cristão para toda a família humana.
A sua solicitude sempre voltou-se para onde quer que houvesse sofrimento e urgência de solidariedade
Clamava continuamente pela paz e pelo respeito à dignidade da pessoa humana.
Um de seus maiores sofrimentos era ver que apesar das terríveis experiências já vividas pela humanidade com as guerras, a voz do dialogo, ainda era sufocada pelas armas.
A sua vida foi um constante testemunho.
Na celebração do grande jubileu do terceiro milênio do nascimento de cristo, conclamou os cristãos e todos os povos a reconciliação e a dar-se o perdão.
Gloria a Deus nas alturas e Paz na Terra aos homens de boa vontade.
Luciano Ducci
Prefeito de Curitiba
Rizio Wachowicz
Presidente da BRASPOL do Brasil
Pe. Zdzislaw Malczewski
Reitor da Missão Católica Polonesa no Brasil
Curitiba, 30 de abril de 2011

 
Do you want know more about Curitiba? 

  
Se Curitiba fosse o mundo...
O sonho seria profundo!
Toda salsicha seria vina...
No cachorro frio da esquina!

A Loira-Fantasma seria a Lady Gaga...
Toda de preto, vestida de maga...
Dentro de um táxi alaranjado...
Assombrando quem está ao lado!

Se Curitiba fosse o mundo...
Até o mendigo vagabundo...
Vestiria uma roupa bonita...
Apesar de muito fedida!

Ninguém precisaria cumprimentar as pessoas na rua...
Porém a vaga do ESTAR nunca seria sua!
Se Curitiba fosse o mundo...
O ambiente não seria imundo...

Pois aqui tem a campanha do lixo que não é lixo...
Porque paranaense não é qualquer bicho!
Os sertanejos Bernarmino e Gabriela,
Que formam uma dupla caipira muito bela,

Seriam os The Carpenters com som...
Sem saírem do excelente tom!
O Chik Jeitoso seria o Mago Merlim...
Com sua magia sem fim!

O programa Casos e Causos inspiraria um filme de terror...
Do escritor Stephen King com louvor e primor!
Se Curitiba fosse o mundo...
Todo o lago seria fundo...

O Fantasma da Ópera moraria nos subterrâneos das Mercês...
Assim o mistério moraria em Curitiba de vez.
Luciana do Rocio Mallon  
 
 
 
 
 
 
  
Foto by Elaine Skowronski
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Curitiba - Mulher
Curitiba é uma princesa ...
Bonita por natureza ...
Mas , com a alma poluída ,
Maliciosa e atrevida !

A cabeça de Curitiba tão lúcida ...
Fica na Biblioteca Pública !
Suas sobrancelhas são os arcos de Santa Felicidade ...
Esta é uma surpreendente verdade !

Seus olhos são os lagos do Parque Iguaçu ,
Que brilham de norte à sul !
Seu nariz é o Jardim Botânico cheio de flores ,
Que inspiram paixões e amores !

Sua boca é a Boca Maldita ...
Avermelhada e bonita !
Seu pescoço é a Rua das Flores ...
Entre as esperanças e as dores !

Seus ouvidos são os teatros do Canal da Música ,
Que abrigam os artistas de uma forma lúcida !
Seu pescoço é a Praça Osório ...
Com a sua feira que vira empório !

Seus braços perfumados com patchuli ...
São os lagos do Parque Barigüi !
Seus seios são os lagos do Parque Bacacheri ,
Que alegram um lindo colibri !

Seu umbigo é um real tesouro ...
Pois , ele é o bebedouro ...
Do famoso largo da Ordem ...
Onde a boêmia e a poesia não dormem !

Sua perna direta é a Avenida das Torres ...
Ente a favela e as flores !
Sua perna esquerda é a Avenida João Leopoldo Jacomel ,
Que tem um sabor sagrado de mel !

Seu pé direito forma a Rodovia das Praias ,
Onde todas as fadas são lacaias ...

Do prazer e da loucura ...
Num motel cheio de ternura !
Seu pé esquerdo é a Rodovia dos Minérios ,
Repleta de sonhos e mistérios !

Curitiba é uma princesa ...
Bonita por natureza ...
Mas , com a alma poluída ,
Maliciosa e atrevida .

Luciana do Rocio Mallon .

Video:
When you come to Curitiba: